quinta-feira, 22 de novembro de 2007

"A transformação do trabalho e do mercado de trabalho"

Sobre o livro de Manuel Castells; "A sociedade em rede".
A transformação do trabalho e do mercado de trabalho
Por Ana Claudia, Ellen e Marcio

Introdução
A partir da do final do século XX a sociedade começa a viver um processo de transformação, devido a novos modelos, impulsionado por uma nova característica dos padrões e mecanismos da tecnologia que começou a se organizar em torno da tecnologia da informação paradigmas vivendo um intervalo cuja característica é a transformação de nossa "cultura material" pelos mecanismos de um novo paradigma tecnológico que se organiza em torno da tecnologia da informação.
O processo atual de transformação tecnológica expande-se rapidamente devido a sua grande capacidade de adaptação de transmissão das informações, há uma maior rapidez nos processos comunicacionais que envolve a sociedade. Castells afirma no seu livro Sociedade em Rede que “vivemos em um mundo que se tornou digital”.
Essa mudança de paradigma tem sua interface em diferentes searas da sociedade, seja ela na economia, na política ou na cultura, iremos analisar nesse texto, o seu impacto no mercado de trabalho.

A evolução histórica do emprego
Todo processo de evolução é marcado por transformações. No que se diz respeito ao emprego não poderia ser diferente.
Diante de uma análise da interação entre economia, tecnologia e instituições, pode-se observar o surgimento de uma nova estrutura social, com profissões administrativas e especializadas. A criação destas profissões é vista como prova empírica da mudança do curso histórico por duas teorias: a do pós-industrialismo e a do informacionismo.
Há ainda outra análise, sugerida por Manuel Castells, que implica na visão de que todas as sociedades em níveis de desenvolvimento diferentes dos níveis do G7 não necessariamente se desenvolverão seguindo alguma trajetória histórica representada por um destes países. Para Castells a distinção entre as economias dentro do processo histórico deve ser visto não como a distinção entre uma economia industrial e uma pós-industrial, mas entre duas formas de produção industrial, rural e de serviços, baseadas em conhecimentos. Em outras palavras o conhecimento sempre foi e será imprescindível na evolução das economias, o que acontece é que o seu uso em diferentes épocas gera diferentes processos econômicos.
Observando-se cronologicamente a transformação na estrutura do emprego de 1920 a 1990 pode-se fazer distinção entre dois períodos; 1920 a 1970, a decadência do emprego rural, e de 1970 a 1990, a decadência do emprego industrial. Neste contexto pode-se também observar a evolução do setor de serviços. Há o setor de serviços relacionados à produção, considerado estratégico fornecendo informação e suporte para o aumento da produção; o setor de serviços sociais, que caracteriza as sociedades pós-industriais e detém de ¹/5 a ¹/4 do total de empregos dos países do G7, porém seu desenvolvimento depende mais da relação entre Estado e sociedade do que do estágio em que a economia se encontra; o setor de serviços de distribuição, que combinam transportes e comunicações com o comércio no atacado e a varejo, e também representam de ¹/5 a ¹/4 do total de empregos; e por fim os serviços pessoais, que representa os empregos ligados a "bares, restaurantes e similares" e que teve uma significante expansão dos postos de trabalho nos últimos 20 anos.
Há uma diversidade cada vez maior de atividades que tornam obsoletas as categorias de emprego. Mas não parece que grande produtividade, estabilidade social e competitividade internacional estejam diretamente associadas à quantidade de emprego em serviços ou processamento de informação. Assim, quando as sociedades decretam o fim do emprego industrial ao invés da modernização das indústrias, não e porque necessariamente são mais avançadas, mas porque seguem políticas e estratégias específicas baseadas em seu pano de fundo cultural, social e político.
A diversidade do emprego é um ponto importante da nova estrutura ocupacional, dentro deste fator uma ressalva importante é a variação da proporção da mão-de-obra semiqualificada no setor de serviços principalmente nos EUA, Canadá e na Alemanha, que é bem menor no Japão, Franca e Itália, países que de certa forma preservam mais as atividades tradicionais como as rurais e comerciais. Isso se deve ao fato do modelo norte-americano caminhar para o informacionalismo mediante a substituição das antigas profissões pelas novas. O modelo japonês também caminha para o informacionalismo, mas segue um caminho diferente: aumenta o número de novas profissões, sendo as antigas redefinidas; já os países europeus seguem um misto das duas tendências. Aparentemente ocorrerá um maior aumento do peso relativo das profissões mais claramente informacionais (administradores, profissionais especializados e técnicos), bem como das profissoes ligadas a serviços de escritório em geral.
Castells também aponta uma outra tendência que é a maior presença de conteúdo informacional na estrutura ocupacional das sociedades avançadas, apesar de seus sistemas culturais e sociais. Dessa forma o perfil profissional das sociedades informacionais será muito mais diverso que o imaginado pela visão das teorias pós-industrialistas.
A projeção de empregos para o século XXI se encaixa muito bem com o projeto original da sociedade informacional: o emprego rural será eliminado gradualmente; o emprego industrial xontinuará a declinar (porém mais lentamente); os serviços relacioados a produção liderarão o crescimento de emprego em termos percentuais, se tornando também cada vez mais importantes em termos absolutos; e por fim, os empregos do setor varejista representarão a maior parte das atividades não qualificadas.

Há uma força de trabalho global?
A existência de uma economia global, também deveria pressupor a existência de um mercado e uma força global de trabalho. Na prática, apesar da fluidez do capital, há uma globalização mínima do mercado de trabalho e apenas para profissionais altamente qualificados, a grande maioria da força de trabalho encontra-se ativa em sua nação, por diversos fatores limitantes: falta de capacitação, xenofobia, contrastes culturais, barreiras burocráticas, limitação da informação, entre outros... A crescente imigração de mão de obra não-capacitada, especialmente para países da Europa e América do Norte, apresenta índices quase pífios e não pode ser classificada como força de trabalho globalizada.
Apesar de não haver mercado de trabalho global unificado e força de trabalho global, há uma tendência histórica para a crescente interdependência da força de trabalho global em grande escala, que podem ser justificados pelo: emprego global nas empresas multinacionais, impactos do comércio internacional sobre o emprego e as condições de trabalho mundial e os efeitos da concorrência global e do novo método de gerenciamento sobre a força de trabalho.
A tecnologia de informação é a maior conexão entre eles, já que a maior parte da força de trabalho não circula na rede, mas torna-se dependente da função, evolução e comportamento por ela desenvolvido e determinado. Ao mesmo tempo em que essas redes aproximam as condições de trabalho em diferentes países, com diferentes rendas, elas também contribuem para o distanciamento na qualificação dos profissionais.
O investimento em tecnologia de informação pelas multinacionais gera efeitos diretos e indiretos no emprego internacional, criando a interdependência global da força de trabalho na economia informacional.

O processo de trabalho no paradigma internacional
O processo de trabalho e mão de obra no novo paradigma informacional vem sido construído aos poucos, com a integração histórica entre transformação tecnológica, política das relações industriais e ação social conflituosa.
O desenvolvimento da tecnologia da informação faz da atualização constante do trabalhador uma premissa para sua permanência no mercado de trabalho, pois substitui o trabalho humano repetitivo, por automação pré-codificada e programada ao mesmo tempo em que depende do trabalhador instruído, autônomo e atuante, capaz de programar a máquina e decidir seqüências inteiras. Este processo introduz uma nova divisão do trabalho, que é dividida em três dimensões: valor, cultivo de relações e tomada de decisões, que serão aliadas à cooperação, trabalho em equipe, autonomia e responsabilidade dos trabalhadores.
Assim o paradigma informacional do trabalho vem se desenvolvendo a medida que há investimento em novas tecnologias e que as mesmas começam a ser aplicadas, a fim de reestruturar o próprio conceito de trabalho.

Os efeitos da tecnologia de informação sobre o mercado de trabalho: rumo a uma sociedade sem empregos?
A difusão da tecnologia da informação revela que não há relação estrutural entre esta difusão e a evolução dos níveis de emprego, que é cíclica .Ao mesmo tempo em que alguns empregos vão sendo extintos, novos postos de trabalho se abrem, mas a variação quantitativa varia de empresa para empresa em função de diversos fatores:posição relativa na economia global, competitividade, estratégias empresariais, ambientes institucionais e políticas governamentais.
O resultado da interação entre tecnologia de informação e emprego depende dos fatores macroeconômicos, estratégias econômicas e contextos políticos em que estão inseridos.

O trabalho e a divisão informacional: trabalhadores de jornada flexível
As novas tecnologias da informação viabilizararam, concomitantemente, a descentralização das tarefas e sua coordenação em uma rede interativa de comunicação em tempo real, seja entre continentes, seja entre os andares de um mesmo edifício. O aparecimento de novas formas de produção enxuta segue acompanhada com praticas empresariais que ameaçam as formas tradicionais de organização dos trabalhadores, favorecendo sobremaneira os setores empresariais, são essas praticas: a subcontratação, terceirização, estabelecimento de negócio no exterior, consultoria, redução do quadro funcional e produção sob encomenda.
Neste panorama a atual divisão intenacional do trabalho, em que as instituições e organizações sociais de trabalho parecem desempenhar um papel mais importante, (apesar de não parecer), que o avanço tecnológico exerce um papel fundamental na criação ou destruição do emprego.
Há uma maior flexibilidade no emprego no atual cenário informacional, flexibilidade em termos de jornada de trabalho, crescimento do trabalho autônomo, mobilidade geográfica, situação profissional, segurança contratual e desempenho de tarefas.
Uma conclusão importante é que de modo geral essa mudança do processo produtivo, dos trabalhadores e das organizações da sociedade, acarretará de forma inequívoca o desaparecimento das formas mais tradicionais de emprego, como: o emprego de horário integral, projetos profissionais bem delineados e um padrão de carreira ao longo da vida, que estaram extintos de forma lenta, mas inexorável.
O crescimento dos investimentos globais não parece ser o responsável pela destruição de empregos no Norte, porém este contribui para a criação de empregos nos países emergentes. Contudo, este processo de transição tem como característica a fragilização das condições de trabalho e da condição de vida para os trabalhadores. Essa deterioração assume varia formas dependendo do contexto verificado: aumento do desemprego estrutural na Europa; queda dos salários reais; aumento da desigualdade, a instabilidade no emprego nos Estados Unidos; subemprego e maior concentração de força de trabalho no Japão; "informalização" e desvalorização da mão-de-obra urbana recém-incorporada nos países em desenvolvimento; e crescente marginalização da força de trabalho rural nas economias subdesenvolvidas e estagnadas. Essas tendências resultam de um rearranjo de forças na relação capital-trabalho, com o auxilio das ferramentas oferecidas por novas tecnologias da informação e promovidass por outra forma de organização das empresas: a empresa em rede.
Estas tendências apontam evidentemente para uma maior desigualdade social entre ricos e pobres, aumentando as contradições na sociedade, e sufocando as camadas médias da sociedade, a velocidade de processo varia conforme a posição do país em relação a divisão do trabalho e dependendo de fatores internos como o clima político. Mas, sem dúvida nenhuma - conclui Castells -, o trabalho informacional desencadeou um processo mais fundamental: a desagregação do trabalho, introduzindo a sociedade em rede.

Conclusão
A sociedade informacional, com suas conexões e especializações gera um abismo cada vez maior entre as parcelas diferentes da sociedade. Como a informação é uma parte integral de toda atividade humana, todos os processos de nossa existência individual e coletiva são diretamente moldados pelo novo meio tecnológico.
A economia global resultante da produção e concorrência com base informacional caracteriza-se por sua interdependência, assimetria, regionalização, diversificação dentro de cada região, inclusão seletiva, segmentação excludente e por uma geometria extremamente variável, que tende a desintegrar a geografia econômica e histórica.
O emprego entao continua norteado pelas mesmas necessidades que norteiam até hoje a vida do capitalismo: espirito empresarial de acumulação, e o constante apelo ao consumismo, e tudo isso acompanhado pela evolução tecnológica; características que regem o coração da atual economia mundial e que cria a necessidade de empregos especializados em serviços e administrativos.

Um comentário:

Mila disse...

porque essas paginas mostra aquilo que agente nao que??